Canção às Moças Tísicas

Vejo-vos frágeis e tristes como estátuas de areia
que carregassem a espera em seus sorrisos raros,
ó moças tísicas, ó olhares quase lágrimas,
mãos que não sabem outros gestos que não sejam de adeuses.


É bem pouco viver, é bem pouco, meninas
de olhos cheios de memórias e verdes nostalgias,
de imagens felizes de cidades distantes.


Ah, a surpresa da boca que fonte se tornou!
Ah, as palavras vermelhas sobre os amores fanados!
Ó luas exiladas, ó moças esquecidas da ternura do abraço,


ouço o rumor de sofrimentos longínquos, vozes, vozes
que me falam da cova, do doce e rude jardineiro
que ara, semeia e rega os largos campos dos mortos.


Ó jovens que caminhais tristonhas como se chorásseis,
ide recolher a inocência das manhãs e das rosas,
antes que soprem do sul os ventos desordenados!

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